Adoro balanços... Tênue, exatamente elevado do chão e suspenso no ar - precisão possível.
A existência pendular sempre me atraiu, o vir-se-já-se-indo, o ir-se-já-voltando, o "desossar das horas"...
Pendular, pendular, o quase intrínseco.
A dor que salta no abismo e quando a ponta de seus dedos toca o chão inevitavelmente cansa e arrefece.
Tudo salta de um trapézio à outro no picadeiro da existência.
Pendular..., tender, estar, fazer da incostância moradia.
Nesse quase-êxtase que de tanto se repetir nos faz acreditar que é eterno.
Esse sempre à beira de, esse quiçá, essa eu-foria... E então, no instante-quase o chão.
Pendular o quase-aço cortando o corpo. A distância infinitesimal que parece eterna.
Eu-sonho, eu-quase, eu -Ícaro querendo acreditar que meu ir-se será sempre-já-voltando, mas eu canso, eu pauso simplesmente e sem querer, eu desço do balanço-pendular e sua paisagem eternamente vista da janela, inexperienciada.
Caminhando em beleza
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31.1.06
30.1.06
Chandon
Tu me prometestes amorosidades
Tua luz emanado trazia
Iluminuras ao sol
Brilho, franqueza e integridade.
E eu quis o fruto maduro escorrendo.. Como eu poderia pré-sentir que te feriria? Lembro-te sem pretenções, sem apegos. Sei que também assim me esqueces.
Gostaria de ter-te amado antes, quiçá melhor, mas vivo. Mariposa boliçosa - viva, aflitiva, inquieta...
E tudo se deu tão convulsivamente, ainda que cheio de harmonia e graça. Rápido,efusivo e inconsciente... Incogniscível.
Parece sempre afeto (nos implicamos, afetamos mutuamente), solidão e deslumbre. Fenecer, entardecer, renascer... Agrada-me considerar tais coisas, me acalentam.
Toco com a planta dos pés a areia fôfa e morna abraçando meu corpo, tão semelhante a qualquer implicação sua em mim.
Tua luz emanado trazia
Iluminuras ao sol
Brilho, franqueza e integridade.
E eu quis o fruto maduro escorrendo.. Como eu poderia pré-sentir que te feriria? Lembro-te sem pretenções, sem apegos. Sei que também assim me esqueces.
Gostaria de ter-te amado antes, quiçá melhor, mas vivo. Mariposa boliçosa - viva, aflitiva, inquieta...
E tudo se deu tão convulsivamente, ainda que cheio de harmonia e graça. Rápido,efusivo e inconsciente... Incogniscível.
Parece sempre afeto (nos implicamos, afetamos mutuamente), solidão e deslumbre. Fenecer, entardecer, renascer... Agrada-me considerar tais coisas, me acalentam.
Toco com a planta dos pés a areia fôfa e morna abraçando meu corpo, tão semelhante a qualquer implicação sua em mim.
27.1.06
Para minha amiga
Estive com minha cara amiga a pouco, havia dormido em sua casa e no início da tarde nos despedimos. (Estou alegre por revê-la...) Naquele momento, com semelhante emoção a abracei ao nos despedirmos...
Demos um abraço demorado e entregue, então lhe perguntei: - Você compreendeu o que lhe disse quando a abracei? Ela me olhou nos olhos e falou: - Mas você esteve em silêncio...
E eu sorrindo, condescendente e orgulhosa continuei: - Era isso, não tinha palavras. Então ela calou, me olhou bem nos olhos, terna, e quando cheguei à porta ainda me soltou um beijo.
Refiz meu caminho para casa a pensar: - Espero que ela tenha compreendido... Naquele silencioso abraço em que eu a envolvi cálida, angustiada, saudosa e serena, a amei. E o que me inquieta não é a incerteza de ela ter me entendido, até creio que o fez.
A questão que se me apresenta é: por que ela talvez tenha temido dizer-me que me entendeu com outras palavras, de outra forma? Por que talvez não tenha querido admitir que sabe da impossibilidade? Por que talvez tenha chorado para dentro, já que toda visão de fora é sempre transbordamento - visível ou não?
Por que não admitir que embora não tendo compreendido fez parte, esteve presente e atenta? Por que talvez tenha temido partir meu coração, se como o ovo o coração do outro só é alcançado quando a casca é rompida?
Por que? Talvez por não saber que também sei da impossibilidade de saber.
Tudo bem amiga, fica entre nós, pré-sinto a sua aflição... Mas já aceitei que nada nos é dado saber, somente supor e suponho coisas maravilhosas vindas de mim para você.
Sinto que nosso silêncio é nosso ponto de conexão... Ficamos bem juntas em silêncio - tênue afinidade. Sei que quando pergunta como estou deseja me ajudar embora saiba não poder...
Sei que quando me mostra uma música ou indica um livro está dizendo: - vem cá, olha o que me afeta... Quero que faça parte do que toca a minha vida; quero ter você por perto mesmo que não entenda as coisas que amo, quero que caminhe comigo..., sua simples presença me agrada.
Eu compreeendo, mesmo sem entender... Porque eu pré-sinto, porque não tenho medo de errar e isso me abre como uma flor, sem pudor, disposta a ser polinizda ou decepada - entrege...
Demos um abraço demorado e entregue, então lhe perguntei: - Você compreendeu o que lhe disse quando a abracei? Ela me olhou nos olhos e falou: - Mas você esteve em silêncio...
E eu sorrindo, condescendente e orgulhosa continuei: - Era isso, não tinha palavras. Então ela calou, me olhou bem nos olhos, terna, e quando cheguei à porta ainda me soltou um beijo.
Refiz meu caminho para casa a pensar: - Espero que ela tenha compreendido... Naquele silencioso abraço em que eu a envolvi cálida, angustiada, saudosa e serena, a amei. E o que me inquieta não é a incerteza de ela ter me entendido, até creio que o fez.
A questão que se me apresenta é: por que ela talvez tenha temido dizer-me que me entendeu com outras palavras, de outra forma? Por que talvez não tenha querido admitir que sabe da impossibilidade? Por que talvez tenha chorado para dentro, já que toda visão de fora é sempre transbordamento - visível ou não?
Por que não admitir que embora não tendo compreendido fez parte, esteve presente e atenta? Por que talvez tenha temido partir meu coração, se como o ovo o coração do outro só é alcançado quando a casca é rompida?
Por que? Talvez por não saber que também sei da impossibilidade de saber.
Tudo bem amiga, fica entre nós, pré-sinto a sua aflição... Mas já aceitei que nada nos é dado saber, somente supor e suponho coisas maravilhosas vindas de mim para você.
Sinto que nosso silêncio é nosso ponto de conexão... Ficamos bem juntas em silêncio - tênue afinidade. Sei que quando pergunta como estou deseja me ajudar embora saiba não poder...
Sei que quando me mostra uma música ou indica um livro está dizendo: - vem cá, olha o que me afeta... Quero que faça parte do que toca a minha vida; quero ter você por perto mesmo que não entenda as coisas que amo, quero que caminhe comigo..., sua simples presença me agrada.
Eu compreeendo, mesmo sem entender... Porque eu pré-sinto, porque não tenho medo de errar e isso me abre como uma flor, sem pudor, disposta a ser polinizda ou decepada - entrege...
Libélula
Frêmito e beleza... Disso é feita a tessitura da vida, qualquer vida.
Nas entranhas da coisa viva há um bater de asas convulso e gracioso de espanto e beleza, em estado puro. De uma beleza não conceitual, terrível, avassaladora - beleza antes da beleza mesma.
Prenúncio, aroma do desabrochar do belo que pulsa num deslizar de lesma, lagarta que com seu exotismo promete a borboleta, quiçá bela, no entanto inegavelmente alada e flúida e graciosa...
Quaquer vida farfalha... Tudo flutua entre frêmito e formosura, tudo viceja nas entranhas rosadas e pulsantes que uivam sua vida, seu estado vivo.
Essa meditação inconsciente e inescapável de ser - viver, ulular.
Vida libélula, sucessão de paisagens vistas das janelas da alma. Sempre a passar, repleta de intocadas possibilidades...
Não compreendo... E como é livre e suave experimentar ser uma núvem ou uma árvore - nada sabem e que frescor isso lhes traz.
Dissecar, classificar, definir, como conceber tal idéia? Usurpar da forma mais vil a coisa-viva, do que o outro é feito..., querer dizer o outro.
Caio de joelhos, sobressaltada e em prantos.
Perdão, ser humano é perverter o mundo, adoecê-lo...
Eu não entendo e aceito... Não quero, não devo, não posso entender.
Nas entranhas da coisa viva há um bater de asas convulso e gracioso de espanto e beleza, em estado puro. De uma beleza não conceitual, terrível, avassaladora - beleza antes da beleza mesma.
Prenúncio, aroma do desabrochar do belo que pulsa num deslizar de lesma, lagarta que com seu exotismo promete a borboleta, quiçá bela, no entanto inegavelmente alada e flúida e graciosa...
Quaquer vida farfalha... Tudo flutua entre frêmito e formosura, tudo viceja nas entranhas rosadas e pulsantes que uivam sua vida, seu estado vivo.
Essa meditação inconsciente e inescapável de ser - viver, ulular.
Vida libélula, sucessão de paisagens vistas das janelas da alma. Sempre a passar, repleta de intocadas possibilidades...
Não compreendo... E como é livre e suave experimentar ser uma núvem ou uma árvore - nada sabem e que frescor isso lhes traz.
Dissecar, classificar, definir, como conceber tal idéia? Usurpar da forma mais vil a coisa-viva, do que o outro é feito..., querer dizer o outro.
Caio de joelhos, sobressaltada e em prantos.
Perdão, ser humano é perverter o mundo, adoecê-lo...
Eu não entendo e aceito... Não quero, não devo, não posso entender.
26.1.06
Estudo
Vagalume - vaga e lume
Onda luminosa, incandescente.
Lume - lumière - luminoso - iluminescente
Onda luminosa, incandescente.
Lume - lumière - luminoso - iluminescente
Pirilampo...
Vibração que incandesce,
Estremecer que é chama - que se inflama,
Tece a chama que não queima quando aquece...
Agonia luminosa, idéia genial do corpo.
Clarescência da matéria que se agita,
Aflição de luz que se materializa:
Tocha, lâmpada, flama-matéria que se aquece...
Vago incandescer, vaga de vida que se enfurece.
Alumiação do ser em matéria ardente que enlouquece.
Luz que se faz matéria,
Matéria que se torna luz - louca, luminosa que estremece...
No frêmito orgiástico de sua manifestação - andaluz.
Na calma florescente do seu calor,
No fogo incostante do seu existir...
Viva e tremeluzente vibração alegre - estupefaciante maravilha...
Nhock!...
Uma lagartixa acaba de devorar o vagalume.
Para usar da próxima vez que pedir um abraço
Me abraça.
Me envolve,
Me acolhe,
Me adequa a porção de nada que é você...
Me abraça.
Me liberta,
Me junta a você para que,
Por alguns instantes,
Eu me sinta livre...
Separada de mim...
Me abraça.
Me toma,
Me protege,
Me dá teu alento...
Me abraça.
Aproxime-se de mim,
Seja comigo...
Deixe-me ter a ilusão de que não sou sozinha.
Me abraça.
Esconde...
Constrói uma ponte...
Sobre o abismo entre nós.
Me abraça.
Dá-me de si...
Como se nada fosse me retirar.
Me abraça.
Me toca...
Com a porção mais superficial
E ilusória de si.
Me abraça.
Me abraça. Me abraça...
Me abraça e não diga nada...
Não rompa esse silêncio quante e aconchegante
Que emana de si.
Me abraça.
Me - abraça...
Me abra - ça.
Me abraça, me prende, me laça...
Me abre pra isso...
Me expande ao tocar.
Me envolve,
Me acolhe,
Me adequa a porção de nada que é você...
Me abraça.
Me liberta,
Me junta a você para que,
Por alguns instantes,
Eu me sinta livre...
Separada de mim...
Me abraça.
Me toma,
Me protege,
Me dá teu alento...
Me abraça.
Aproxime-se de mim,
Seja comigo...
Deixe-me ter a ilusão de que não sou sozinha.
Me abraça.
Esconde...
Constrói uma ponte...
Sobre o abismo entre nós.
Me abraça.
Dá-me de si...
Como se nada fosse me retirar.
Me abraça.
Me toca...
Com a porção mais superficial
E ilusória de si.
Me abraça.
Me abraça. Me abraça...
Me abraça e não diga nada...
Não rompa esse silêncio quante e aconchegante
Que emana de si.
Me abraça.
Me - abraça...
Me abra - ça.
Me abraça, me prende, me laça...
Me abre pra isso...
Me expande ao tocar.
25.1.06
Stand by
Diante de ti esse olhar, mesmos gestos inquietos, imprecisos...
Profusão de possibilidades, próximas, distantes, todas reticentes.
Te amar, a mar, estar a deriva. Teu frescor, minha brisa.
Tua presença, minha humanidade possível.
Esquecida de mim tu te manifestas, inteira.
Quis ser aquela que te toma sem limites,
Entregue, fluida.
E no entanto foste tu que me tivestes plena,
Coisa tua, sem receios.
Tu que és meu paradeiro e morada, terra minha, pátria.
Diante de ti os mesmos olhos aflitos, lacrimosos.
A espera de um gesto, um toque.
O desabrochar de mim em ti.
Meu tempo, minha bússola...
Profusão de possibilidades, próximas, distantes, todas reticentes.
Te amar, a mar, estar a deriva. Teu frescor, minha brisa.
Tua presença, minha humanidade possível.
Esquecida de mim tu te manifestas, inteira.
Quis ser aquela que te toma sem limites,
Entregue, fluida.
E no entanto foste tu que me tivestes plena,
Coisa tua, sem receios.
Tu que és meu paradeiro e morada, terra minha, pátria.
Diante de ti os mesmos olhos aflitos, lacrimosos.
A espera de um gesto, um toque.
O desabrochar de mim em ti.
Meu tempo, minha bússola...