23.4.08

Reencontro

Aliso sua superfíce áspera,
de um cinza confuso salpicado de negro.
Suas linhas grossas, muro antigo, bruta realidade.
Distância sem fundo - medo.
Discrepância...

Por que não permite a meus pés
O seio cálido da terra fôfa e sua umidade?
O que é esse sem-nome imenso
de que me afasta?

Meus dedos perscrutam a fenda para meus pés sedentos,
ávidos do afago da terra.
Meu nariz fareja o arôma ancestral,
a ostra, o mangue e seu negrume profundo - perfumoso.

Deito sobre sua superfície de lápide,
tateio um coração que pulse seu afeto recôndito - inconfesso.
E encontro em seu regaço de aspereza,
súbito alento.

Que num suspiro me responde:
-Mãe...
Antes de fazer-se em pedaços e ser levado pelo vento.
E tocando a areia com a palma dos pés,
Sinto o mar vir banhar meus dedos.

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