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4.4.07
Eu, morada de minha alma, tenho em minha voz, falada, sua expressão mais audível. Audível e nem por isso a mais sonora. E muito menos a mais expressiva. A expressão mais reveladora de mim possivelmente são minhas mãos; com as quais dialogo com as tecituras, interajo com os corpos, me exprimo... Através delas falo, busco a gentileza de um olhar atencioso e sinalizo a farça que envolve as palavras. Meus pés se deliciam ao menor afago e encontram-se tremendamente plantados ao chão. E minha alma flutua lilás e vermelha, depositando a paixão excessiva, a inquietude e a sensualidade de minhas cadências. O corpo inteiro é delgado e tenro como uma fruta madura, sempre à espera de ser acolhido ou degustado. Com ele emito ondas perfumadas, nuvens de calor, roçados macios... Assim clamo quase sem querer e me escapam os brotos entre ronronados e uivos.
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