De Mim labirinto à Ti espelho de muitas águas...
" Uma palavra e eu me afasto.
Uma contenção e eu deslizo.
Não posso evitar o desperdício do que jorra sobre mim.
Um olhar e eu adormeço.
Eu não desminto, mas não fico. Eu não posso...
Um deslize e eu reconstruo. Um desafio e eu retardo.
Eu esgoto minhas versões e recolho os artifícios.
Vou nadar entre os vestígios...
Um contorno e eu embaço.
E me espalho. E me perco. E me falto.
Um trinco e eu me rompo. E afundo afundo afundo.
E me solto, e despenco em abismos de distração.
Uma espera e eu não chego..."
Sonhei contigo e acordei chorada...
Dormida - descobri-nos acordadas.
Revisitei local sinistro, de Cassandricas professias...
E só então percebi que estavas lá, igualmente presa a perder-se sonhada sozinha. Nos reconhecemos com a mesma alegria peculiar. Entre cacos e cascos - famílias e carcereiros... Então fugimos, corremos, descemos pelas insuspeitáveis frestas do lugar. Frestas insondadas e estranhamente conhecidas, possibilidades de aguardo... Ousamos e nos pusemos livres, como jamais tentamos sozinhas. Afundamos a escorrer pelas escadas cujo poço parecia não ter fim - profunda escuridão. Tive medo e ti segui... Um medo de não saber de ti e de mim sem ti, então fui-ti... Chegamos ao fundo e ao olharmos para cima nada vimos - não nos seria dado retornar... Procuramos frestas com a ponta dos dedos, cumplicidade de nós que sentimos o espaço com as mãos. Senti algo e ao girá-lo jorrou sobre nós uma cachoeira de água fria e límpida - sorrimos... Víamos apenas o que tocávamos e os olhos uma da outra. Num consentimento tácito giramos na mesma direção e o que parecia uma parede de pedra intransponível fez-se porta e permitiu-se. Abrimos... E como era larga a vida lá fora, parecia uma chácara numa cidade do interior. Árvores, pássaros e uma linda tarde de sol... Você me olhou daquele seu jeito cheio de luz e chorou feliz como tudo que é belo e sem sabê-lo caminha para a morte... Sorri em retribuição e te abracei beijando-te o alto da cabeça. E foi um abraço longo, apertado, largo e cúmplice... Enfim estávamos juntas onde sempre quisemos estar e você chorava por custar a creditar... e calou balbuciado bolhas. Pingamos...
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23.8.06
16.8.06
Girândola...
"Eis a carta dos céus:
as distâncias vivas
indicam apenas
roteiros
os astros não se interligam
e a distância maior
é olhar apenas.
A estrela
vôo e luz somente
sempre nasce agora:
desconhece as irmãs
e é sem espelho.
Eis a carta dos céus: tudo
indeterminado e imprevisto
cria um amor fluente
e sempre vivo.
Eis a carta dos céus: tudo
se move."
("Mapa", Orides Fontela) From Qualquer calmaria
as distâncias vivas
indicam apenas
roteiros
os astros não se interligam
e a distância maior
é olhar apenas.
A estrela
vôo e luz somente
sempre nasce agora:
desconhece as irmãs
e é sem espelho.
Eis a carta dos céus: tudo
indeterminado e imprevisto
cria um amor fluente
e sempre vivo.
Eis a carta dos céus: tudo
se move."
("Mapa", Orides Fontela) From Qualquer calmaria
"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
(Clarice Lispector)
7.8.06
4.8.06
3.8.06
Em Caracolado "Crucius"
Tenho farpas, dizia: "- tenho farpas"
Que posso eu dizer senão ais
Que posso sentir a não ser esse interminável incômodo
- Náusea de mim
Tenho farpas encrustadas em minha pele como ostras
Não flechas que me atravessam
Esse eterno penetar
- punhal guardado no peito-lábio do dorso
Vagido sem cordas - silêncioso e assombrado
Tenho farpas onde não me alcanço...
Aspereza entranhada por fora, tão superficial.
Ínterim
Invisível de mim a reclamar-me olhares.
Tenho farpas e isso me basta.
Tenho náuseas - como conter a contratura de mim?
Como cortar a contextura do mim, sem blefar?
Arrepiam-se-mim as farpas: "-Calou".
E vi meus olhos arderem para além de mim - sumia...
Que posso eu dizer senão ais
Que posso sentir a não ser esse interminável incômodo
- Náusea de mim
Tenho farpas encrustadas em minha pele como ostras
Não flechas que me atravessam
Esse eterno penetar
- punhal guardado no peito-lábio do dorso
Vagido sem cordas - silêncioso e assombrado
Tenho farpas onde não me alcanço...
Aspereza entranhada por fora, tão superficial.
Ínterim
Invisível de mim a reclamar-me olhares.
Tenho farpas e isso me basta.
Tenho náuseas - como conter a contratura de mim?
Como cortar a contextura do mim, sem blefar?
Arrepiam-se-mim as farpas: "-Calou".
E vi meus olhos arderem para além de mim - sumia...
1.8.06
Pés descalços
Na epilepsia corpórea do amor,
Tudo se me converge,
Nada se me escapa - feridas abertas.
Incurável sou...
Teria eu me enganado?
Não serei então farsante
E me darei ao luxo de -
nesses tempos de escassez -
Morrer de amor?
Delirante sou, ardo em febre,
Dá-me vida o frescor do alvorecer...
Não, trágica é a vida
E irei cumpri-la por certo.
Vagando vou,
Toque acetinado de meus pés
Enquanto lábios...
Meu amor entornarei pelo caminho.
Bela estrada de amor se olhas atrás...
Tudo se me converge,
Nada se me escapa - feridas abertas.
Incurável sou...
Teria eu me enganado?
Não serei então farsante
E me darei ao luxo de -
nesses tempos de escassez -
Morrer de amor?
Delirante sou, ardo em febre,
Dá-me vida o frescor do alvorecer...
Não, trágica é a vida
E irei cumpri-la por certo.
Vagando vou,
Toque acetinado de meus pés
Enquanto lábios...
Meu amor entornarei pelo caminho.
Bela estrada de amor se olhas atrás...