30.3.10

Pedrura

Toquei tua não-face, amiga oculta, em-si-mesmada. E teu dorso cálido toquei... os teus contornos de pedra vagamente esculpida pelos ares do tempo. Em teu seio de rocha senti cálida presença, súbita ternura sílica a muito olvidada. Contei-te estórias de sonhos, de solidões – e me ouvistes como ninguém. Tua presença inconclusa e exata, em teu subterfúgio de pedra me tocou sem que esboçasses o menor gesto. Tua realidade silente falou a meu coração – como uma infinidade de encontros, cálidos, queridos... E tu me vias por dentro, sem me olhar, discreta como todo amor incondicional – de uma pureza distante e aquiescente. Amor de pedra, amor sem pretensão, sem palávra... Amorrochoso, sem pressa... Amor de ser e estar – simplura de sentir o outro, amor de ausência.

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