13.12.06

INTERMITÊNCIAS

“(...)Há certos muros que não devem ser vistos antes de envelhecermos: musgo e ocre, dálias sobre alguns, dilaceradas, sons que não devem ser ouvidos, pulmões da mentira, os metálicos sons da crueldade ecoando fundo até o coração, palavras que não devem ser pronunciadas, as eloqüentes-ocas, as vibrantes de infâmia, as rubras de sabedoria, latejantes. Sustos. Como me sinto? Como se colocassem dois olhos sobre a mesa e dissessem a mim, a mim que sou cego: isto é aquilo que vê. Toco os dois olhos em cima da mesa. Lisos, tépidos ainda (arrancaram há pouco), gelatinosos. Mas não vejo o ver. Assim é o que sinto tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito. E desbocado e cruel, manchado de tintas, essas pardas-escuras do não saber dizer, tento amputado conhecer o passo, cego conhecer a luz, ausente de braços tento te abraçar, Conhecimento. Bêbado vou indo(...)".

Com meus olhos de cão - Hilda Hilst.

PEDRA FINA

Debes medirte, Caballero,
Compañero debes medirte,
Me aconsejaron uno a uno,
Me aconsejaran poco a poco,
Me aconsejaron mucho a mucho,
Hasta que me fui desmediendo
Y cada vez me desmedí,
Me desmedí cada día
Hasta llegar a ser sin duda
Horripilante y desmedido,
Desmedido a pesar de todo,
Inaceptable y desmedido
Desmedidamente dichoso
En mi insurgente desmesura.
(...)”
El corazón amarillo – Pablo Neruda.

3.12.06

DESSEMELHANTE

Você me ama mais ou menos quando não concorda comigo? Melhor...? Seu amar é também ódio? Assim - amor-ódio... Que crimes cometo - eu - contra você? Em nossas dessemelhanças... Ah! Sua decadência-afeição, a pretender-me menor...
Eu, pássaro-ferido em pleno vôo...